RAÍZES: COMEÇO, MEIO E COMEÇO
“Memória: relatos de outra História” aborda a ideia de uma memória coletiva composta por uma miríade de histórias, relatos, perguntas e experiências dispersas em nossas memórias individuais, pessoais e íntimas. Esta memória coletiva vem à tona nesta exposição nas obras de artistas que nos lembram da reconstrução de uma memória comum e universal, proporcionando-nos uma nova perspectiva sobre a criação contemporânea originária da África e suas diásporas.
Quando palavras e memórias são esquecidas, destruídas, apagadas ou interrompidas, há uma necessidade urgente de revelar uma narrativa alternativa, de trazer múltiplas histórias à coexistência e de revelar o que foi deixado por dizer — uma necessidade respondida pelas vinte artistas apresentadas na exposição. A característica definidora dessas obras é o desejo de transcender os limites da arte, de “incorporar o alhures” e de ilustrar a diversidade de nossas histórias compartilhadas, individuais e, em última análise, coletivas. As obras selecionadas exploram pintura, têxteis, escultura, vídeo e até mesmo performance. Elas constituem uma jornada que ecoa, por um lado, uma leitura desmistificada de seções da História e crenças comumente divulgadas sobre o continente africano e, por outro lado, várias formas de história imaginária que ainda estão em jogo no mundo econômico, especialmente quando se trata da redistribuição de recursos. Através da multiplicidade de técnicas, as obras apresentadas testemunham a prática comprometida dos artistas, forte em seu poder narrativo e ancorada em suas geografias flutuantes e em seu tempo. Ao questionar nossos mecanismos de pensamento, “Memória: relatos de outra História” visa incentivar um diálogo sobre nossa capacidade de nos afastarmos do nosso ponto de vista, de ouvir diferentes narrativas e de (re)questionar o que acreditamos ser o padrão, a referência… A exposição é concebida como um palco composto por propostas na vasta tarefa de construir um futuro moldado conjuntamente onde nossas memórias conscientes e inconscientes finalmente seriam acalmadas e tranquilizadas.
O quê: Exposição “Memória: relatos de outra História”
Curadoria: Nadine Hounkpatin e Jamile Coelho
Quando: 04 de novembro de 2025 à 1 de março de 2026
Onde: Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira
“Uma alma vibrante, corajosa e generosa”: Salvador da Bahia, nas palavras de Alice Walker, personifica a resistência e o renascimento afrodiaspóricos. É neste santuário de memórias negras que a exposição Memória: relatos de uma outra História desdobra seu novo capítulo. Depois de Bordeaux, Abidjan, Yaoundé e Antananarivo, dezoito artistas mulheres — de Beya Gille Gacha a Tuli Mekondjo, de Fabiana Ex-Souza a Josèfa Ntjam — tomam conta do espaço do Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira. Suas obras tecem um diálogo vibrante entre memórias africanas e a matriz afro-brasileira, transformando a exposição em um rizoma sensível de histórias ainda pouco compartilhadas. Assim, como afirma Djamila Ribeiro, ocupar o próprio lugar de fala significa falar de si mesma, e aqui, dentro do Muncab, cada gesto artístico se torna um ato de reparação e conexão: reinventa arquivos, reencena legados e abre brechas para futuros possíveis. Assim, a exposição Memória não se limita a mostrar o passado; ela revela, através do poder de suas criadoras contemporâneas, a luz infinita de nossos amanhãs.
Nadine Hounkpatin
Referências:
“Uma alma vibrante, corajosa e generosa” é uma frase atribuída à escritora e ativista feminista americana Alice Walker como epígrafe para apresentar a ensaísta e poetisa americana Audre Lorde e sua obra Zami em editais e catálogos.
Ecoando a “matriz africana” do sociólogo, teórico da comunicação e ensaísta brasileiro Muniz Sodré, que a define como um sistema simbólico, ético e cognitivo de origem nagô-iorubá que estrutura formas de sociabilidade, linguagem e temporalidade na cultura brasileira.
Djamila Ribeiro é uma filósofa e intelectual brasileira profundamente envolvida nas lutas feministas e antirracistas.
CURATORIAL TEXT (FRANCÊS version)
“Une âme vibrante, courageuse et généreuse” : Salvador de Bahia, avec les mots d’ Alice Walker, incarne les résistances et les renaissance afro-diasporiques. C’est dans ce sanctuaire des mémoires noires que l’exposition Mémoire : récits d’une autre Histoire, déploie son nouveau chapitre. Après Bordeaux, Abidjan, Yaoundé et Antananarivo, ce sont dix-huit artistes femmes : de Beya Gille Gacha à Tuli Mekondjo, de Fabiana Ex-Souza à Josèfa Ntjam, qui investissent l’espace du Musée National de la Culture Afro-brésilienne de Salvador de Bahia. Leurs œuvres tissent un dialogue vibrant entre les mémoires africaines et la matrice afro-brésilienne, transformant l’exposition en un rhizome sensible de récits encore trop peu partagés. Ainsi, comme l’affirme Djamila Ribeiro, occuper sa propre place de la parole, c’est parler à partir de soi, et ici, au sein du Muncab, chaque geste artistique devient un acte de réparation et de relation : il réinvente les archives, rejoue les héritages et ouvre des brèches vers des futurs possibles. Ainsi, l’exposition Mémoire ne se contente pas de montrer le passé ; elle révèle, par la puissance de ses créatrices contemporaines, la lumière infinie de nos lendemains.
Nadine Hounkpatin
CURATORIAL TEXT (English version)
“A vibrant, courageous, and generous soul” : Salvador, Bahia, in the words of Alice Walker, embodies the Afro-diasporic resistance and rebirth. It is in this sanctuary of black memories that the exhibition Memory: accounts of another history unfolds its new chapter. After Bordeaux, Abidjan, Yaoundé, and Antananarivo, eighteen female artists — from Beya Gille Gacha to Tuli Mekondjo, from Fabiana Ex-Souza to Josèfa Ntjam — take over the space of the Afro-Brazilian Culture National Museum. Their works weave a vibrant dialogue between African memories and the Afro-Brazilian matrix, transforming the exhibition into a sensitive rhizome of stories which are still rarely shared. Thus, as Djamila Ribeiro affirms, occupying one’s own place of speech means speaking about oneself, and here, within Muncab, each artistic gesture becomes an act of reparation and connection: it reinvents archives, reenacts legacies, and opens gaps for possible futures. Thus, the exhibition “Memory” is not limited to showing the past; it reveals, through the power of its contemporary creators, the infinite light of our tomorrows.
Nadine Hounkpatin
References:
“A vibrant, courageous, and generous soul” is a phrase attributed to American writer and feminist activist Alice Walker as an epigraph to introduce American essayist and poet Audre Lorde and her work Zami in announcements and catalogs.
Echoing the “African matrix” of Brazilian sociologist, communication theorist, and essayist Muniz Sodré, who defines it as a symbolic, ethical, and cognitive system of Nago-Yoruba origin that structures forms of sociability, language, and temporality in Brazilian culture.
Djamila Ribeiro is a Brazilian philosopher and intellectual deeply involved in feminist and anti-racist struggles.
O Baobá, com seu simbolismo profundo e enraizamento na cultura africana, é um símbolo de ancestralidade, memória e continuidade comunitária. A visão de cada parte da árvore como representações de diferentes estágios da vida humana sublinha a importância de uma conexão sólida com as raízes ancestrais para o crescimento e a sobrevivência das novas gerações. Essa conexão cíclica, descrita pelo escritor, filósofo e quilombola Negô Bispo como “o começo, o meio e o começo”, é central na narrativa expositiva.
A exposição “Raízes: Começo, Meio e Começo” é um convite a reflorestarmos o nosso imaginário e referências visuais a partir da produção artística de mais de 80 artistas nacionais e internacionais negros. Essa é a primeira exposição concebida pela equipe curatorial do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira após a sua reabertura, consolidada nos frutos da solidariedade, dos laços comunitários do aquilombamento artístico e realizada em parceria com produtores, designers e expográfos. A exposição, dividida em cinco núcleos – Origens, Sagrado, Ruas, Afrofuturismo e Bembé do Mercado – reflete uma visão comunitária africana que valoriza o “nós” como base da identidade e existência humana.
Convidamos você a girar em torno da “árvore da memória”, um ato poderoso de ressignificação histórica. Percorra os cinco núcleos expositivos e permita que suas emoções floresçam ao revisitar as raízes culturais que nos sustentam. Este Baobá simboliza, para os descendentes de africanos na diáspora, a conexão com suas raízes e as resistências das culturas africanas, apesar das tentativas de apagamento.
Enraize-se!
Cintia Maria
Diretora do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira
Amélia Sampaio (Brasil/França)
Bárbara Asei Dantoni (França/Itália/Camarões)
Bárbara Portailler (Madagascar/França)
Beya Gille Gacha (França/Camarões)
Dalila Dalléas Bouzar (Argélia/França)
Enam Gbewonyo (Gana/Reino Unido)
Fabiana Ex-Souza (Brasil/França)
Gosette Lubondo (República do Congo)
Josèfa Ntjam (França/Camarões)
Luana Vitra (Brasil)
Luma Nascimento (Brasil)
Luisa Magaly (Brasil)
Madalena dos Santos Reinbolt (Brasil)
Maria Lídia dos Santos Magliani (Brasil)
Myriam Mihindou (França/Gabão)
Na Chainkua Reindorf (Gana/EUA)
Selly Raby Kane (Senegal)
Charlotte Yonga (França/Camarões)
Tuli Mekondjo (Namíbia)
YêdaMaria (Brasil)
Realização
Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira – MUNCAB
Correalização
RCD Produção de Arte
Concepção
MUNCAB
Direção Executiva
Cintia Maria (MUNCAB)
Jamile Coelho (MUNCAB)
Ricardo Cavalcanti (RCD)
Curadoria
Jamile Coelho
Jil Soares
Curador Assistente
João Vitor Guimarães
Consultoria Especializada
(Bembé do Mercado)
Ana Rita Machado
Produção executiva e montagem
Eliane Gomes
Assistente de produção executiva
Paula Vaz
Antônio Carlos Ferreira
Produção Local (Santo Amaro-BA)
Vanda Ferreira
Assistente de produção (estágio)
Félix Henrique Moreira
Iasmin Tosta
Matheus Luis Nascimento
Assistente administrativo
Adilma Cajado
Identidade Visual e Design
Matheus Dias Preto
Assessoria de Imprensa
Rodrigo Cabral
Equipe MUNCAB
Danilo Santana
Gilmara Alves
Reginaldo Nascimento
Mário Duarte
Ana Lúcia
Registro e documentação fotográfica
Anastacia Flora
Projeto Expográfico
Gisele de Paula Arquitetura & Cenografia
Assistentes de Expografia
Alexandra Souza
lolaos Coelho
Lívia Faria
Pintura
Ademir Ferreira
Alex Lopes
Marcos Araujo
Renan Oliveira
Equipe Cenografia
Adriano Passos
Agnaldo Queiroz
Agnaldo Santos
Bruno Wiw
Cezar Rocha
Clasio Vieira (Tomate)
Desival Alves
Edvaldo Ribeiro
Gilmar Silva
Gringo Freitas
Jonas Eduardo Santana
Paulo Tosta
Léo Furtado
Coordenação museológica
Tarso Cruz Ferreira
Coordenação Educativa
Clíssio Santana
Orientadores de Público (estagiários)
Félix Moreira
Iasmin Lima
Kamila Custódio
Luís Matheus
Márcia Fraga
Thiago Gomes
Vitor Arcanjo
Sinalização / Plotagem
VM Soluções Gráficas e Comunicação
Impressão
Objetiva Fotografia Digital
Molduras
Objetiva Fotografia Digital
MiniLab
Gráfica
XColorum
Textos Núcleos
Rodney William Eugênio
Vilson Caetano
Zulu Araújo
Ana Rita Machado
Revisão de textos
Alex Simões
Design de Luz
Luciano Reis
Iluminação cenotécnica
R Lobo Iluminação
Assistente de Iluminação
Taimara Leite
Roberto Batista
Eletricista
Joselito Pinto
Transporte de obras
Jurandi Silva
Antônio Raimundo
Advogado
Antônio Carlos Ribeiro
Agradecimentos
Em especial Adido Cultural Luandino de Carvalho, Thais Darzé, Paulo Darzé, Vilma Reis, Andreia Marreiro, Alisson Lima, Joana Bispo, Tata Walmir Damasceno, Sarah Odara, Renato Carneiro, Edna Francisca, Antônia Lagos Sales (Mãe Tonha), Pai Pote, Pollyana Mello, Vilson Caetano, Pai Sérgio, Heriberto Gregório dos Santos (Bel Saubara), Ulisses Castro, Eliza Larkin Nascimento, Madeireira Angra, Maurício Martins, Zulu Araújo, Lua Leça, Pedro Tourinho e Fernando Lopes
CHANCELA DE MARCAS DO ONLINE




































